Livro: Adeus À Inocência
Título Original: Little Girl Gone
Autor (a): Drusilla Campbell
Editora: Novo Conceito
Páginas: 272
ISBN: 9788581632766

Sinopse: Madora tinha 17 anos quando Willis a “resgatou”. Distante da família e dos amigos, eles fugiram juntos e, por cinco anos, viveram sozinhos, em quase total isolamento, no meio do deserto da Califórnia. Até que ele sequestrou e aprisionou uma adolescente, não muito diferente do que Madora mesmo era, há alguns anos... Então, quando todas as crenças e esperanças de Madora pareciam sem sentido — e o pavor de estar vivendo ao lado de um maníaco começava a fazê-la acordar , Django, um garoto solitário, que não tinha mais nada a perder depois da morte trágica de seus pais, entrou em sua vida para trazê-la de volta à realidade. Quem sabe, juntos, Django, Madora e seu cachorro Foo consigam vislumbrar alguma cor por trás do vasto deserto que ajudou a apagar suas vidas?

     Adeus à Inocência foi um livro que me chamou a atenção devido à sinopse. A premissa da história é ótima, forte, do tipo de livro que promete abalar emoções. Infelizmente, quando comecei a leitura da obra, percebi que estava bastante enganada: eu esperava uma coisa, acabei encontrando outra completamente diferente, e me decepcionei com a leitura.

    Madora era uma jovem de dezessete anos quando Willis supostamente a resgatou. Ela estava passando por uma fase turbulenta: nunca havia se dado muito bem com a mãe, o pai havia se suicidado recentemente, e, quando Willis apareceu em sua vida, ela não pensou duas vezes antes de deixar tudo para trás e ir embora com ele.
     Anos depois, ainda perdida em seu amor pelo rapaz, sua vida é, em suma, servir ao Willis. Eles moram em uma pequena casa no meio do deserto, e Madora é extremamente submissa a ele, acreditando em tudo e tomando cada palavra do rapaz como lei. Um de seus deveres é cuidar de uma jovem que Willis recentemente trouxe para casa — acorrentada e amordaçada, e que desde então fica presa em um trailer no quintal. O marido alega ter salvado a menina, mas aos poucos Madora vai enxergando a verdade: assim como fez com ela há alguns anos, Willis sequestrou a garota. O afeto que sentia por ele vai aos poucos se esvaindo, dando lugar a um sentimento muito mais assustador — o pavor de viver ao lado de um sociopata.

    Trata-se de um livro denso, que retrata a realidade dura e crua de um relacionamento abusivo, onde formam-se laços entre um sequestrador e sua vítima. O amor e a admiração que Madora sente por seu algoz pode parecer estranho à primeira vista, mas trata-se de algo que está (e muito!) presente em nossa sociedade: Síndrome de Estocolmo (Stockholmssyndromet em sueco) é um estado psicológico particular desenvolvido por algumas pessoas que são vítimas de sequestro. A síndrome se desenvolve a partir de tentativas da vítima de se identificar com seu raptor ou de conquistar a simpatia do sequestrador.
     A narrativa é feita em terceira pessoa, rica em descrições e detalhes. A autora utiliza uma linguagem diversificada, inteligente, e testa a atenção do leitor ao deixar pequenos detalhes aqui e ali, estimulando a dedução. Gostei bastante da forma como os fatos eram narrados no decorrer da história, mas tive alguns problemas em continuar com a leitura, especialmente no começo.
     Apesar de Madora ser a personagem central da trama, há outras histórias sendo contadas simultaneamente: a do próprio Willis, e a de Django, um garoto de doze anos que ficou recentemente órfão e precisou ir morar no meio do nada com sua tia. Django possui, inclusive, um papel imprescindível na história, já que, com toda sua inocência e franqueza, faz Madora criar uma nova perspectiva em relação à situação na qual está vivendo.
     O meu grande problema com o livro foi o ritmo. Eu sabia que o plot que estava lendo era interessante e ia ficando mais complexo a cada página, mas, na maioria das vezes, a leitura foi apenas... chata. Eu não consegui pegar o compasso e me prender à leitura, mesmo que tenha gostado do desenvolvimento. Talvez foi o ritmo lento ou devido às atitudes de Madora, mas senti que algo ficou faltando.
     A pegada psicológica de Adeus à Inocência é clara, e gosto muito da espécie de livro que revela o âmago dos personagens — tanto dos mocinhos, quando do vilão —, mas sinto que faltou certa profundidade, aquele “tchãn” que serve para tocar e comover o leitor, faze-lo sentir que está vivendo a história juntamente com quem a narra.            
     Os personagens são bem construídos, com muitas nuances, que permitem o crescimento e amadurecimento deles durante a narrativa. Todos eles são frágeis e tão reais, e é notável o esforço que Campbell aplicou em demonstrar que ninguém é feito apenas de defeitos ou qualidades, que todos possuem tanto um lado bom quanto um mau. Minha única ressalva com a criação dos protagonistas foram as tolices de Madora — ela é o tipo de personagem que te faz querer entrar no livro e fazê-la acordar para a vida.
     A diagramação é limpa, excelente para a leitura, e não encontrei nenhum erro de revisão. Gostei bastante da capa que a Editora Novo Conceito investiu: apesar da original americana ser muito mais bela em questão de estética, essa capa combina muito mais com a história em si. Além disso, tanto o título original quando o brasileiro conseguiram captar perfeitamente a essência do que é contado no livro.
     Por fim, é uma história que poderia ter sido excelente, mas acabou sendo apenas boa. Um tipo diferente de thriller, com uma visão um pouco mais crua: não espere grandes cenas de ação, ou revelações surpreendentes, mas saiba que o livro vai te fazer refletir sobre os caminhos que a vida toma, e como a dor pode mudar o interior de alguém. 
Melhor quote:
"(...) Ela imaginou como seria falar com ele num tom audacioso. Então se deteve. Imaginar já era perigoso, pois ela podia ficar tão à vontade em suas próprias opiniões que um dia se esqueceria e as falaria em voz alta."
                        


4 Comentários

  1. Encontrei algumas resenhas que descrevem os personagens como rasos,situaçoes mal contadas e um final rápido e curto,já a sua diz algo totalmente diferente.Acho que estou confusa,em relação a esse livro!

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  2. Esse livro é muito bom! Mostra q todo mundo merece uma chance de ser feliz e que no final a verdade sempre aparece! Li em 2 dias e não achei nem um pouco chato. Só queria que tivesse alguma parte dela reencontrando o DjangO. Eles se ajudaram no meio do caminho. Ele a ajudou e ela o ajudoU. Muito bonita a históriA

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  3. Muito boa a resenha!! Deu até vontade de ler haha :D

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  4. Eu não achei essa leitura de todo ruim, aliás teve muitos momentos em que a historia me empolgou até, adorei Django, o garotinho é o personagem que mais gostei por sua sagacidade, mas a Madora realmente foi uma personagem que ficou devendo muito, enfim, uma leitura mediana, mas que não tenho vontade reler! Bjão!

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