Livro: Al-Aisha e os esquecidos
Autor (a): Marcel Colombo
Editora: Novo Século
Páginas: 432
ISBN: 9788576797241
Sinopse: Como num sopro de dragão, um fantasma surge em seu quarto, surgindo no lugar que você jurava ser o local perfeito e seguro. Mas essa aparição é apenas o começo de longos acontecimentos estranhos que estão por vir. Será que você sobreviveria à queda de uma estranha bola de fogo, que poderia destruir, quase que por completo, a sua cidade? Estaria pronto para descobrir o que existe dentro da destruição e da fumaça que se forma, indo muito além da imaginação de seu mundo? O seu mundo está para se colidir com um outro, e isso poderá mudar tudo… Até mesmo o seu destino. Tudo poderá acontecer e, de uma forma ou de outra, sua vida irá mudar para sempre, não importa onde e nem como. Siga as ordens de um coelho ranzinza, ajude o seu misterioso amigo, perdoe quem você jamais perdoaria, ame de verdade e deixe que eu seja a sua guia nessa jornada. Eu me chamo Al-Aisha e irei te guiar. Mas, antes, preciso saber: Você está pronto para ser esquecido?

    Do autor nacional (e parceiro do blog!) Marcel Colombo, Al-Aisha mostrou-se uma daquelas surpresas maravilhosas. O livro, que é dividido em vários capítulos, mas, essencialmente, em quatro partes, possui um dos enredos mais originais com os quais eu já tive contato. Publicado pelo selo Novos Talentos, da Editora Novo Século, o livro possui um tamanho considerável, e uma capa que já diz algumas coisas sobre a história. Curiosos? Pois é, eu também fiquei.

   Antes mesmo de iniciar a leitura do livro, o leitor depara-se com um nome nada comum: Al-Aisha. Diferente do usual, certo? Se isso não for o suficiente para despertar a curiosidade de quem lê, contudo, ainda tem muito mais. Começo explicando quem é Al-Aisha. Não uma deusa, nem uma entidade — mas próximo de ambos —, ela é nossa narradora nessa estória, mesmo que não seja exatamente a protagonista. De maneira leve e interativa, mas sem deixar de lado a formalidade, ela, além de transmitir os fatos, faz comentários, dá dicas e fala sobre suas impressões a respeito dos humanos. 
   Apesar de contar com essa narradora incomum, adianto que nosso real protagonista é Lucas Laporte. Conhecemos o menino quando este está prestes a fazer 5 anos, e, portanto, como adora repetir, tornar-se um "homenzinho". O que surpreende o pequeno Lucas, entretanto, é o acontecimento misterioso da madrugada de seu aniversário: quando um tipo de sombra sai da porta de seu banheiro, Lucas apavora-se, tendo a certeza de que está na presença de um fantasma. O que ele não imaginava é que, a partir desse momento, sua vida nunca mais seria normal. 
   Lucas é surpreendido quando, além do estranho ocorrido, tem uma surpresa ainda maior: seu antigo coelho de pelúcia, carinhosamente nomeado de Sr. Fofinho, cria vida própria. Sim, um coelho de pelúcia que anda, fala, odeia cenouras e (surpreenda-se!) fuma charutos. A história vai desenvolvendo-se, e, aos poucos e com muitos acontecimentos, chega até quando Lucas possui 17 anos. A vida do menino, que parecia complicar-se a cada ano, parece que só vai ficando mais e mais complexa...

    O começo do livro é um pouco confuso — talvez devido à originalidade da história —, mas definitivamente curioso. A descrição de tudo é extremamente detalhada, o que contribui para a formulação de cenários inéditos e criativos, dos quais o livro está repleto. Além disso, como já comentei anteriormente, a narração interativa é brilhante — ela brinca com o leitor, faz perguntas, e, em suma, faz-nos sentir que estamos participando das aventuras de Lucas. 
   Apesar de possuir muitos personagens divertidos, preciso dizer que o Sr. Fofinho é, de longe, o mais carismático — e o que rouba completamente a cena. A ideia do autor de criar um animal de pelúcia falante já é extremamente interessante, mas pode ter certeza que tudo isso é maximizado quando conhece-se a personalidade do Sr. Fofinho — que de fofinho não tem nada. Um personagem hilário, sarcástico e muito divertido, foi o ponto alto de muitas cenas, e fez a história fluir de maneira única. 
    Gostei muito do fato de, com o decorrer da leitura, podermos acompanhar o crescimento não só de Pedrinho, mas de seus amigos mais próximos também. É sempre muito interessante ver o amadurecimento dos personagens, e afirmo que o autor conseguiu captar essa parte do desenvolvimento de cada um de modo magistral. É fácil apegar-se inicialmente, às crianças, e, depois, aos adolescentes cativantes que eles tornaram-se. 
    Um fato interessante é o modo como tudo é tão cuidadosamente colocado pelo autor, o que faz com que todos os acontecimentos — mesmo aqueles que, a princípio, não aparentam — tornem-se essenciais ou pelo menos parte do enredo que é revelado aos poucos, no futuro. 
    As cenas finais são angustiantes, e mesmo assim ainda carregadas de mistério. Marcel Colombo abusa da boa e velha "maldade de autor", e para o livro no momento em que a história está engatilhada, em que achamos que vamos conseguir algumas respostas a mais. Só posso dizer que mal consigo esperar pela continuação, e que tenho ótimas expectativas para a tal. 
   O design externo não me chamou atenção inicialmente, e acredito que a história merecia uma capa mais bonita, mesmo que a atual consiga transmitir um pouco do clima da história, e, por isso, tenha o seu charme. Exceto isso, não tenho reclamações quanto à diagramação, que é ótima para a leitura e sem erros de português. Com páginas amareladas de um bom material, o livro é grandinho — possui 430 páginas —, mas nada que atrapalhe o ritmo da história. 
    "Al-Aisha e Os Esquecidos" é uma história que mescla de modo genial aventura, drama, comédia e até mesmo um pouquinho de romance. Já fui muito cética em relação à literatura nacional, portanto, fico feliz em dizer que esse foi um dos livros que somente reforçou minha opinião de que temos, sim, autores extremamente talentosos em nosso país, e que eles merecem reconhecimento. Acredito que o livro vai agradar a todos os gostos literários, e está mais do que recomendado. 
Primeiro parágrafo do livro: 
"Irei contar uma história!" 
Melhor quote:
"A inocência é uma graça, uma piada pura e sem fim."


    


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