Livro: Não pare!
Autor (a): FML Pepper
Editora:Valentina
Páginas: 277
ISBN: 9781623094430

Sinopse: Uma vida normal e tranquila seria tudo o que uma adolescente adoraria ter, certo? Não para Nina! Por que tinha que viver como uma nômade (ou fugitiva!), mudando de cidade ou país a cada piscar de olhos? Por que não podia saber nada sobre o paradeiro de seu pai? Por que sua mãe era tão neurótica e supersticiosa? Milhares de perguntas. Nenhuma resposta. O que significavam aqueles estranhos calafrios, acidentes e mortes que aconteciam ao seu redor? Teriam ele alguma ligação com seu defeito de nascença? Ou seriam causados pelo selvagem bad boy de hipnotizantes olhos azuis-turquesa que costumava aparecer nos momentos mais assustadores? Nina jamais poderia imaginar que aquele garoto sombrio de corpo escultural e fisionomia atormentada lhe abriria os olhos para um universo paralelo. Só ele tinha as respostas para os seus mais íntimos questionamentos, mas cobraria um preço muito alto para fornecê-las: A vida dela!


TRILOGIA "NÃO PARE!"
    1.   Não pare!
    2.  Não olhe!
    3.  Não fuja!

     O livro de estreia da trilogia de FML Pepper é um YA (Young-adult) que ela confessa ter sido inspirado por uma vasta leitura de YAs durante sua gravidez, e já se tornou um best-seller da Amazon. Primeiramente, a Amazon disponibilizou em e-books, e agora saíram os livros impressos pela Editora Valentina — com uma grande aclamação do público!
     Nina é uma garota de dezesseis anos muito comum em seu modo de pensar e agir. Mas nem tudo é tão normal assim. Por trás dessa adolescente, que vive ansiosa para começar a sentir o furor da juventude, há um turbilhão de dúvidas completamente incomuns, começando pelas suas pupilas como as de um felino (detalhe que já pode ser visto na modelo da capa). Ela vive com sua mãe, Stela, que muda de cidade, estado e país o tempo todo — na verdade, sempre que algo ruim acontece à Nina — sem nenhuma explicação concreta para a filha. Quando é questionada por uma confusa Nina, Stela se limita a encerrar a conversa alegando que na hora certa ela saberá.
     O mesmo ocorre quando Nina se sente curiosa com relação ao pai, que nunca conheceu. Stela sempre evita falar dele, e quanto mais o tempo passa, mais essas dúvidas começam a afligir Nina. Como se isso não bastasse, a garota parece ser uma espécie de sensitiva — não muito raro sente calafrios e tonturas incontroláveis, perdendo todos os sentidos, e, logo em seguida, um acidente quase fatal sempre lhe acontece, o que ela pensa ser fruto de uma “maré de azar” que sempre a acompanhou.
     De repente, tudo parece que vai melhorar: Nina e sua mãe se fixam em Nova York, ela começa a fazer amizades no novo colégio, arruma um emprego, e até conhece Kevin, que ela imagina ser o garoto com quem viverá uma linda história de amor. Com todas essas felizes distrações, Nina acaba perdendo o foco do perigo que corre. Mas quando o garoto sombrio de olhos azuis-turquesa, Richard, cruza o seu caminho, tudo parece perder o controle e Nina terá que ser mais forte que nunca, já que, pelo que descobre, faz parte de um paralelo decisivo entre duas dimensões. Então, tudo o que lhe era estranho antes, passa a fazer todo o sentido.

     FML Pepper é mais uma promessa para enriquecer o YA no Brasil. Foi o primeiro nacional do gênero  que li, mas não percebi muita diferença entre ele e os YAs estrangeiros, tanto é que não se prende a nada que remeta ao Brasil. A fantasia utilizada, bastante comum para o gênero, foi original e envolvente. Por outro lado, a fórmula pareceu ser a mesma de sempre: uma garota que descobre um mundo novo através de uma avassaladora paixão, e claro, há o triângulo amoroso.
     A narração ocorre em primeira pessoa, pela protagonista Nina. É a melhor forma para acompanhar o desenrolo do enredo, pois ele gira em torno da personagem e mostra o correr dos fatos através dela: de suas atitudes, de sua percepção sobre tudo o que descobre — e é junto com ela que nós acabamos descobrindo tudo e nos adaptando também. Acredito que essa sacada será mais bem percebida no segundo livro da trilogia.


     Foi simplesmente incrível o modo como o enredo foi formado, como a autora conseguiu mudar de estado a todo o momento, e com tanta naturalidade. No início, a história caminhava devagar, sem grandes surpresas, apenas deixava o mistério no ar. A partir das primeiras 100 páginas, tudo mudou: a ação se tornou constante, intercalando de vez em quando com alguns momentos de suspense e romance.
     Os personagens, por sua vez, deixaram alguns pontos em aberto. É muito difícil criar um personagem de YA sem parecer clichê. Achei que Nina fugiria das características comuns de uma mocinha quando ela começou a descobrir a verdade sobre si mesma, pois tinha uma determinação incrível — apesar de hesitar um pouco para acreditar nas coisas que lhe contavam. Mas, conforme ia passando por situações cada vez mais estranhas, sua confusão começou a incomodar. Eram questões razoáveis, mas bobas, que a fizeram vacilar em vários momentos e a perder a personalidade que tinha no início.
     Richard (Rick, para os íntimos) tinha um jeito um tanto confuso. Quando começou a se aproximar de Nina, parecia que vestia uma “capa” para se proteger dos bons efeitos que ela lhe causava — e que ele sabia que, de acordo com suas origens, não era correto senti-los. Porém, assim como Nina, ele começou a fatigar um pouco com suas mudanças temperamentais. Aliás, o casal como um todo se tornou cansativo, pois eles passavam pela mesma situação e pelas mesmas desconfianças “milhões” de vezes e não mudavam suas atitudes. Ainda bem que o final compensou nesse aspecto. Os demais personagens foram incríveis e surpreendentes, mas acredito que, se me aprofundar muito neles, irei entregar o jogo.


     As críticas menos positivas que tenho a fazer se referem mais aos diálogos. À primeira vista, parecem muito bem polidos, mas nos mais acalorados, pode-se notar que há pequenas brechas: é como se a, sempre interrogadora, Nina soubesse exatamente o que perguntar e quais seriam as respostas, o que não foi muito convincente aos meus olhos de leitora. Suas dúvidas eram poucas demais para alguém que acabava de conhecer uma nova realidade.
     Porém, acredito que no segundo livro haverá uma boa justificativa para a falta de questões da protagonista nesta abertura da trilogia, pois, pelo que o desfecho deu a entender, ela descobrirá tudo o que não foi dito inicialmente, sozinha. As palavras finais — assim como as de cada encerramento de capítulo — deixam o gostinho de “quero mais”, criando uma leitura rápida e de tirar o fôlego, cheia de ação e tremendamente surpreendente.
     A capa é diferente das que foram exibidas nos livros digitais, pois mostra uma maior originalidade, assim como ocorre com a diagramação. Nos livros físicos, as capas dos três mostram a protagonista, como ela seria – inclusive com o destaque em seus olhos especiais (claro que isso não pode deixar que vocês, leitores, percam a imaginação em torno da personagem!). Nos digitais, que ainda podem ser encontrados, o segundo livro mostra quem seria Richard, porém, em minha opinião, lembra muito a série The Vampire Diaries, por isso a versão da Editora Valentina fez uma boa diferença.
     É um ótimo livro e bastante recomendado para quem é fã de YAs. Tenho visto muitos comentários nas redes sociais falando sobre essa nova onda de escritores brasileiros, que têm apostado em inspirações na literatura estrangeira, principalmente no âmbito dos Young-adults e da fantasia. Alguns veem isso de forma positiva, outros, negativa. Mas, como já foi dito, apesar de ser um YA nacional, não o reconheceria como tal por ser ambientado em diferentes países – desde EUA até os orientais. De qualquer forma, quebrem tabus e leiam, pois vale a pena – para quem curte uma boa ficção adolescente – se aventurar por este novo Universo.

Primeiro parágrafo: “Arrependo-me de não ter prestado atenção aos sinais. Se pudesse imaginar que estes seriam os últimos dias da minha vida, ou melhor, da vida com a qual eu estava acostumada, isso faria alguma diferença?”. 
Melhor quote: “Um sentimento maior pouco se importa com a aparência e pode aflorar das situações mais improváveis. Ele não tem necessidade de explicações. Simplesmente é, e ponto final.


     


2 Comentários

  1. Esse livro está definitivamente na minha lista de leitura! Fiquei feliz em saber que é em primeira pessoa, geralmente torna mais fácil gostar dos personagens :)

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  2. comprei uma vez na amazon de graça, e gostei bastante! mal posso esperar para ter a versão fiisica

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