Livro: O Teste
Título original: The Testing
Autor (a): Joelle Charbonneau
Páginas: 320
ISBN: 9788567028231
Sinopse: "No dia de formatura de Malencia ‘Cia’ Vale e dos jovens da Colônia Cinco Lagos, tudo o que ela consegue imaginar – e esperar – é ser escolhida para O Teste, um programa elaborado pela Comunidade das Nações Unificadas, que seleciona os melhores e mais brilhantes recém-formados para que se tornem líderes na demorada reconstrução do mundo pós-guerra. Ela sabe que é um caminho árduo, mas existe pouca informação a respeito dessa seleção. Então, ela é finalmente escolhida e seu pai, que também havia participado da seleção, se mostra preocupado. Desconfiada de seu futuro, ela corajosamente segue para longe dos amigos e da família, talvez para sempre. O perigo e o terror a aguardam. Será que uma jovem é capaz de enfrentar um governo que a escolheu para se defender?"


TRILOGIA "O TESTE"
    1.  O Teste
    2.  Estudo Independente
    3.  A Formatura


    Malencia Vale esperou por um importante dia por toda a sua vida: o dia de sua formatura, onde ela e todos os outros jovens de mesma idade da sua colônia se tornam, oficialmente, adultos. Assim como a maioria deles, Cia espera ser escolhida para O Teste, uma grande honra entre os jovens - um programa das Nações Unificadas que seleciona apenas os melhores e mais aptos alunos de cada colônia para entrarem na Universidade, e, mais tarde, se tornarem os futuros líderes da Nação pós-guerra. 
   Em um mundo em que a maioria passa fome ou sofre com os escassos recursos devido a enorme destruição causada pela Terceira Guerra Mundial, Cia anseia por se tornar alguém que possa realizar atos significantes, e o Teste é a única maneira para isso. Mas ser escolhida implica abandonar sua família e amigos, e a jovem não sabe se está disposta a isso; quando o dia chega e ela é escolhida, entretanto, não há a opção de escolha — não é dada, aos candidatos, a opção de recusa. 
   Além dessa surpresa, Cia faz outras descobertas. Ela sabia que seu pai havia, como poucos, frequentado a Universidade, mas se surpreende quando ele a dá um conselho aterrador: não confie em ninguém. Ele revela à filha que o Teste é, aparentemente, uma prova muito mais macabra do que se é relevado, já que todos os participantes que o concluem tem suas lembranças acerca dos acontecimentos removidas. Sonhos estranhos e dolorosos, mas sem uma lembrança concreta, acompanham o pai dela, e isso já serve de alerta para Cia detectar, desde o início, as tramas e armadilhas escondidas no Teste. 
   Até onde vão as mentiras impostas por aqueles que coordenam o sistema do Teste? Cia deve enfrentar as diversas etapas, uma mais difícil e sinuosa que a outra, ao mesmo tempo em que precisa tomar cuidado com seus concorrentes inteligentes e sem pudores nenhum quanto o assunto é ganhar. Eles farão o que for preciso para eliminar a concorrência, assim como O Teste, a cada dia fica mais claro, desafia seus participantes de maneiras inumanas. 

   Preciso confessar que os primeiros pensamentos que tive ao iniciar a leitura de O Teste foram deveras receosos. É claro, me interessei bastante pela proposta da história e mais ainda por se tratar de uma distopia, mas eu já havia tido minha (nada pequena, infelizmente!) cota de decepções com o mesmo gênero. Pelas outras obras distópicas que já li, percebi como é fácil os autores seguirem sempre a mesma linha ou usarem elementos que, ainda que não idênticos, sejam muito similares entre si. 
   Não posso afirmar que não encontrei, em O Teste, alguns desses defeitos que já me decepcionaram. Mas, posso dizer — e com imensa felicidade! — que o livro me surpreendeu e me prendeu a sua história de um jeito que eu não havia previsto nem em minhas mais otimistas expectativas, e que meu único pensamento coerente depois de terminar a história (além de, é claro, "eu preciso do próximo!") foi: "por que eu não li esse livro antes?!". 


   A narração da obra fica por encargo de Cia, retratada em primeira pessoa. Apesar de eu preferir as narrações em terceira pessoa, fiquei muito surpresa com o quanto eu estava adorando cada momento que me era contado. Talvez isso tenha muito a ver, também, com a personagem (o que eu abordarei mais à frente), mas as descrições claras, objetivas e com um vocabulário leve, voltado ao público adolescente, ajudaram o ritmo da leitura de modo surpreendente. 
   Li o livro em dois dias, e isso porque eu tinha várias coisas para fazer. Acredito que, se tivesse "sentado para ler" a história e ficado apenas nisso, a leitura aconteceria em questão de horas, já que, nesses dois dias, eu não conseguia tirar o enredo de minha cabeça. Os acontecimentos demoram uma certa quantidade de páginas, preciso afirmar, para "engatarem"; no começo, somos bastante introduzidos ao mundo pós-guerra e sua realidade, assim como aos sentimentos do Cia e daqueles que a rodeiam. Mas, depois da chegada a Tosu City e o início do Teste, tudo se desenrola incrivelmente. 
   Ainda sobre a escrita da autora, Joelle Charbonneau, preciso destacar a criação e descrição dos cenários presentes no texto. Há vários momentos importantes, com lugares exóticos ou sistemas que, normalmente, seriam difíceis de imaginar ou de entender completamente, creio eu. Charbonneau conseguiu, contudo, nos passar cada detalhe e atmosfera dos cenários e do que estava ocorrendo, e me senti, diversas vezes, como se estivesse nas salas inóspitas do centro do Teste ou nas ruas destruídas das cidades pelas quais Cia passa. 
    Em relação aos personagens, creio esse ser, na realidade, o meu ponto favorito sobre o livro. Revendo minha experiência com leituras anteriores de distopias, ou eu encontrei uma personagem que beirava o insuportável (olá, Katniss!), ou alguém que, mesmo forte e com suas diversas qualidades, acabava tomando atitudes meio ridículas, incondizentes com a essência da personagem apenas para que trama tomasse certo rumo (sua vez, Tris!). Dessa vez, todavia, não poderia ter ficado mais feliz com o que encontrei: Cia é uma das protagonistas de livros que mais simpatizei até hoje. Ela é muito próxima da realidade e incrivelmente construída, agindo como uma pessoa real, com seus diversos defeitos e qualidades. Ela nunca perdeu tempo se fazendo de coitada, e, honestamente, quase chorei de emoção quando ela disse que, durante o Teste, não havia tempo para morrer de amores (aprendam isso, autores que constroem personagens esteriotipadas!)

"As dúvidas ameaçam me engolir. Somos espertos o suficiente? Podemos superar um sistema estabelecido a décadas? Que controlam a vida de centenas das mentes mais brilhantes desde que o mundo começou a se reconstruir? Quem está atualmente nos controlando?" 

    Não tenho reclamações em relação aos demais personagens, também. Todos eles, assim como já citei com Malencia, são incrivelmente reais e bem construídos, tendo cada detalhe de sua personalidade bem pensado e desenvolvido. Até os que não tem muitas cenas, como os familiares de Cia, tem algumas aparições nas lembranças dela ou através de frases que uma vez disseram, o que torna tudo ainda mais autêntico.
     É claro, não posso deixar de falar a parte negativa do livro. Aqui, aproveito para esclarecer que nada realmente me incomodou. a ponto de eu parar a leitura ou ficar de "saco cheio" do que estava acontecendo. Além de, como eu já disse, a leitura ter sido um pouco parada no começo — ainda que isso seja rapidamente consertado —, a única questão que incomodou-me foi a de eu ter encontrado, no decorrer do enredo, vários elementos que já havia visto em outras distopias. Há, em O Teste, fatores que lembram certas cenas de Jogos Vorazes, um pouco de Divergente e até um pouquinho de Harry Potter se você analisar bem de perto. 
    Isso não afetou a leitura de um modo negativo, deixe-me ser clara. Há uma forte e onipresente identidade de Charbonneau no enredo, sim, mas eu ainda não posso deixar de desejar que certas coisas tenham sido mais originais e menos genéricas, como a divisão da sociedade, o cenário inóspito do Teste e etc. Não se trata, eu repito, de uma cópia das outras série em nenhum momento; apenas vejo elementos similares e mais comuns a distopias, onde acredito que poderia ter existido algo mais inovador. 
   A edição do livro é incrivelmente bem trabalhada pela Editora Única, sendo a capa muito bonita (e, falando nisso, ainda tenho curiosidade em saber sobre os símbolos atribuídos aos candidatos, coisa que nunca, tristemente, foi explicada!). A diagramação interna é simples, mas bonita, assim como o design de todo o livro. A tradução não interferiu na história e passou os termos para o português muito bem, e não encontrei nenhum erro de revisão na leitura.
   Trata-se, por fim, de uma história que conseguiu me cativar imensamente, e acabou sendo muito mais do que eu esperava. A história nos faz refletir sobre a nossa sociedade e traz alguns outros pontos interessantes da natureza humana, sendo extremamente coerente em todos os momentos. Acredito que a série tem tudo para entrar entre as minhas distopias preferidas, e espero que a autora mantenha o bom nível nos próximos volumes. Muito bem recomendado!

Primeiro parágrafo do livro:
"Dia da formatura."
Melhor quote:
"Mas desistir é a última coisa que eu faria. Não depois de tudo o que testemunhamos e as coisas que fomos forçados a fazer. Desistir seria como admitir que nada importou."

 Resultado de imagem para editora unica parceria


3 Comentários

  1. Heey!
    Eu adoro esse tipo de distopia!! Com certeza vou lê-lo o mais breve possível <3
    Abraços ^~^
    Blog - Desbravando o Infinito

    ResponderExcluir
  2. Gentee acabei de compra o box desse livro estou supperr ansiosa pra ler. bjinhos.

    http://yuugracindo.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  3. Eu achei a Cia perfeita de mais. Muito pouco errava, parecia saber sempre de tudo, e suas dúvidas ou suspeitas estavam quase sempre corretas. Coisa que a Katniss, a Tris, o Harry, ou o Thomas (maze Runner - que me lembra muito o cenário do último teste para chegar a Tosu City), tem! Todos eles erram bastante, aprendem, e crescem, e isso é que faz deles naturais, onde podemos nos dientificar. É impossível com aquela idade, Cia ter tanta experiência de vida, sendo que cresceu numa comunidade muito pequena. Para mim, só faltava uma placa mãe na Cia, para ela ser um robô sabe tudo!

    ResponderExcluir

.