E a coluna Entre Páginas e Telas está de volta, dessa vez para falar de uma das séries mais comentadas do ano. Sim, isso mesmo, estamos falando de Shadowhunters, adaptação televisiva da série de livros Os Instrumentos Mortais, de Cassandra Clare, publicada no Brasil pela Galera Record. Shadowhunters vem dando o que falar desde a data de sua estreia, e desde lá tanto a audiência quanto as opiniões variam muito. Leia a crítica a seguir e descubra uma opinião diferente sobre essa série que na verdade está longe de ser o que a maioria das críticas dizem.

                                            Poster oficial da série.                Nova capa de Cidade dos Ossos,
                                                                                                   primeiro livro da série.    

   Shadowhunters estreou no dia 12 de Janeiro de 2016, nos Estados Unidos, uma produção do canal novato Freeform, um novo "selo" do grupo ABC, que produz séries como "How To Get Away With Murder" e "Once Upon a Time". Com uma ambientação mais ao estilo young adult e fantasy urban, a série conta a história de Clary Fray e o misterioso mundo das sombras. Mundo este que ela nunca imaginou fazer parte, mas que descobre que está inserida nele muito mais do que gostaria. Após descobrir que faz parte de um grupo de humanos nascidos com sangue de anjos, e que descende de uma linhagem de Caçadores de Sombras (shadowhunters), Clary terá que aprender a caçar demônios, ser aquilo a qual estava destinada. Mas logo após a descoberta de sua verdadeira identidade, mantida em segredo até os 18 anos, Clary descobre também que sua mãe guarda um importante artefato, O Cálice Mortal, um dos instrumentos mortais. Surge então a misteriosa figura do vilão Valentim Morgenstern, que acaba por sequestrar Jocely, mãe de Clary, na tentativa de recuperar o tão sonhado cálice, capaz de criar novos shadowhunters. Se Clary temia o mundo das sombras, agora ela precisa se aliar a ele, ou nunca encontrará sua mãe. 
   Sim, uma boa história, que, até o momento, vem sendo muito bem desenvolvida pelo canal Freeform e os roteiristas. Vale lembrar que essa não é a primeira vez que adaptam a série Os Instrumentos Mortais. Em 2013, a Sony Pictures adaptou o primeiro livro da série, Cidade dos Ossos, para uma longa metragem que recebeu o mesmo nome do livro. Contudo, foi um fracasso de bilheteria, obrigando a produtora a cancelar os outros filmes. Mas porque foi um fracasso de bilheteria, sendo que a série de livros figura-se entre uma das mais vendidas do mundo? Bem, eu particularmente, gostava do filme até ter lido os livros. Os produtores fizeram as "coisas" muito do jeito deles, com características um tanto quanto distintas da série de livros, o que não agradou de nenhuma forma os fãs da saga. Após dois anos, Cassandra Clare anunciou que Os Instrumentos Mortais viraria  uma série televisiva, e a animação dos fãs se ascendeu novamente. Não seria possível que iriam "errar" por uma segunda vez, certo?
T R A I L E R
Clary Fray acaba de se matricular na Academia de Arte do Brooklyn. Em seu aniversário de 18 anos, ela descobre que é uma Caçadora de Sombras, um ser humano meio anjo, que tem como tarefa proteger os humanos de demônios. Naquela noite, a mãe de Clary, Jocelyn Fray, é raptada por Valentim, um antigo Caçador de Sombras desonesto, que criou seu próprio "Círculo". Com sua mãe ausente, Clary se volta para Luke, antigo amigo da família, e a única pessoa na qual ela confiava, mas acaba sendo traída. Clary se junta com um bando de Caçadores de Sombras para salvar sua mãe e descobre poderes que ela nunca soube que possuía. Clary é lançada no mundo de caça aos demônios junto do misterioso Caçador de Sombras, Jace, que é acompanhado por Isabelle e Alexander Lightwood, e seu melhor amigo, Simon Lewis. Agora vivendo entre fadas, feiticeiros, vampiros e lobisomens, Clary começa uma jornada de autodescoberta enquanto aprende mais sobre seu passado e percebe como poderá ser seu futuro.


  E, em suma, dessa vez a adaptação não deu tão errado assim. Sobretudo, Shadowhunters tem tudo para ser uma ótima série, tudo que precisa é de mais desenvolvimento e produção, algo que já vem acontecendo pouco a pouco. Quando saiu o primeiro episódio no Brasil, dia 13 de Janeiro, pelo Netflix e também pelo Freeform do Brasil, a quantidade de críticas eram imensas, indecisas e estupidamente equivocadas. Pessoal, não se faz crítica de uma série avaliando apenas o primeiro episódio. Muita coisa muda, evolui e se tornar melhor, um pilot é apenas uma base. Em suma eu concordo que o primeiro episódio é um tanto fraco, principalmente quando você adentra na série, mas não podemos desconsiderar que tem uma excelente produção e o roteiro é uma das melhores partes.
   A série tem um diferencial do filme na medida em que não é baseada em apenas um livro e nem será um livro por temporada. O roteiro segue a trama central dos livros, mas mistura os fatos, agregando-os aos outros, fazendo com que a soma das partes equivalha ao todo. Além disso, alguns novos personagens foram adicionados e alguns fatos modificados. E, inacreditavelmente, a modificação dos fatos tem agradando a maioria dos fãs, inclusive eu. Acontece que nada é inteiramente inventado, os roteiristas (que estão de parabéns!) tomam sempre o todo da série como base, e as mudanças, por mais radicais que sejam, soam naturais e impercebíveis, mesmo por quem já conhece os livros de trás pra frente. Um exemplo de mudança que caiu melhor ao estilo, foi a idade da Clary, que agora, na série, tem 18 anos, o que combina mais com as situações adults que ela terá que enfrentar.


   O elenco, dentre todas as coisas, é o ponto mais positivo da série. Porque vamos combinar, o elenco do filme, por mais bem qualificado que fosse, não fez jus aos personagens do livroDesde quando Valentim tem trancinhas? Quando é que Clary, de ruiva, se tornou morena? Quando a Isabelle, descrita como sensual e, propriamente dizendo, linda, ficou tão simples e de aspecto "menininha", invés da "mulher fatal"?  É, mais isso foi corrigido na série, e o elenco está inteiramente bem composto. E o fato de terem escolhidos atores e atrizes novos no ramo, foi um ponto positivo, já que passamos a nos identificar melhor com eles, imaginando-os como se realmente fossem e vivessem os personagens da série. Resumindo: a questão do elenco evoluiu muito desde o filme, e agora não há motivos para reclamar.
   As atuações principais ficam por conta de Katherine McNamara como Clary Fray e Dominic Sherwood como Jace Wayland, dois personagens principais, moldados da maneira mais próxima aos livros. Muitos, no sentido mais verossímil, odiaram a Katherine como Clary, não porque ela não seja parecida com a Clary dos livros, mas porque ela é novata no ramo de atuar e não atua tão bem de início. E você, Pedro, o que acha disso? Olha eu concordo que todos, de início, tiveram dificuldades de viverem seus personagens. Você percebe isso através das cenas com atuações que soam forçadas, o que, claramente, é erro da parte da direção da série. Contudo, eu diria que essa parte é como a maioria dos livros que a gente lê. No começo a coisa tá fraca, mas aí vai evoluindo  gradativamente. Shadowhunters é assim, começa bem morna, com o elenco tendo dificuldade de viver seus personagens, mas ao pouco vai ganhando maiores contornos, o elenco vai se adaptando, o roteiro vai ganhando mais ação, aventura, fantasia e assim por diante.


   Apesar de já terem saído 10 episódios, e eu ter visto todos, acredito que seja cedo para falar o que eu não gostei da série. É complicado, sabe porque? Eu sou muito fã do universo criado por Cassandra Clare, e, geralmente, não tenho frescura com adaptações, sejam elas cinematográficas ou televisivas. Acontece que nunca, independente do quanto você ore, reze, faça macumba ou feitiço, uma série/filme vai sair do jeito que você quer. Mas eu não poderia deixar de destacar o esforço, o trabalho e o empenho que a Freeform está tendo com Shadowhunters. Para um canal novato, eles estão até que fazendo um excelente trabalho, e o cast também está dando, cada vez mais, o melhor de si. Então porque não curtir e deixar o famoso "mi mi mi " de lado? Porque quem for fã de verdade de Os Instrumentos Mortais, certamente vai se agradar com a série, mesmo que parcialmente. 
   No início, as críticas eram bem agressivas quanto aos efeitos visuais, algo inteiramente importante numa trama de fantasia urbana. Galera, eu concordo que no início os efeitos visuais estavam horríveis, mas eu estaria mentido se disse que eles não melhoraram. De imediato, os efeitos pareciam aqueles de videogames (sério!), mas após o segundo/terceiro episódio, eles deram uma significativa melhorada. Acho que a Freeform viu as inúmeras campanhas no Twitter, e as várias hashtags que os fãs fizeram e resolveram se tocar e mudar os efeitos. Até as cenas, e o roteiro passaram a ser melhores elaborados. Amém!
   Outra parte importante: é fiel aos livros? Em suma, eu diria que sim. É, ao máximo, fiel aos livros e, por ser baseada na saga inteira de livros, a série é bem mais rica em detalhes do que, por exemplo, o filme. E, como tem muita coisa pra contar, as coisas acontecem bem mais rápido do que nos livros, e os episódios são bem redondinhos, bem contornados e sempre com finais impactantes. Ah, sem contar os figurinos e a fotografia, em geral, que são um ponto extremamente bem construído na série.

Edição holográfica de Os Instrumentos Mortais, publicados pela Galera Record.
   Toda a série, em si, tem um visual gótico, dark, bem fantasy urban mesmo, e os figurinos ganham sempre a coloração preta (total black), com o excessivo uso de roupas de couro, que combinam super bem com toda a trama e insere melhor os personagens no contexto fotográfico da sérieA trilha sonora também é um ponto que eleva, em muitos momentos, o grau da série. É realmente um ponto que eles trabalharam pra chamar atenção. As músicas, pelas letras, parecem ter sido criadas especialmente para a série, e dá, a muitas cenas, o exato ponto que elas precisam pra causar o impacto no telespectador. Quem comanda a maioria das faixas é a incrível cantora Ruelle, que fez o tema de abertura e possuí várias outras músicas na trilha sonora.
   Por fim, digo que vale a pena, sim, assistir a Shadowhunters. Não sou um crítico televisivo, nem nada, e por mais que meus sentidos sejam afiados para resenhar livros, sinto-me no direito de defender, sim, Shadowhunters, que recentemente recebeu o status de pior série do ano. Bem, realmente não é graaande coisa, é tão simples quanto a história da Cassandra mesmo, mas somente quando você fizer uma série ter a melhor estreia do canal em dois anos, com audiência de 1.82 (em milhões) e ver como o processo é extremamente difícil, a gente vai conversar.


   Não que eu tenha vivenciado as peripécias que envolveram a construção da série, mas eu procuro sempre me colocar no lugar de cada um que se esforçou pra fazer a produção, e critico, sempre, aquilo que realmente é necessário. Porque convenhamos: já é passar dos limites criticar Shadowhunters por dizer ser uma versão ridicularizada de Supernatural. O que é extremamente desnecessário. Cada um com sua vida, cada um com suas histórias. A série está, sim, longe de ser maravilhosa, épica ou causar uma auto-histeria, mas e daí? Isso não significa que não valha a pena assistir. Essa primeira temporada, que encerra no dia 06/04 aqui no Brasil, pode muito bem servir de aprendizado... na verdade, pode, não. Ela vai servir de aprendizado, e tenho certeza de que assim como ocorreu muita diferença do primeiro ao décimo episódio que assisti, vai ocorrer muita melhora da primeira a segunda temporada, confirmada dia 14 de Março pelo Freeform, que mesmo com as críticas mistas, não desistiu da série. Será mesmo que Shadowhunters merece toda essa ridicularização? Eu acho que não, e insisto que assistam à série e tentem ver com novos e bons olhos. 

E aí, você já assistiu Shadowhunters? Compartilhe sua opinião conosco!


2 Comentários

  1. Oii tudo bem?
    Eu sou Shadowhunter há muito tempo e sim devo dizer que eu esperava mais da série. Digo, não da série em si, mas dos atores. Claro, estou amando ter mais desse universo disponível - quando uma série tem 2 chances de adaptação? - mas a atuação da Kat por exemplo que está fraquíssima e sem personalidade, os atores do filme me fizeram ficar apaixonada porque mesmo não tendo a aparência fiel pra mim eles são os personagens, captaram perfeitamente a personalidade deles. Claro que na série também tem atores incríveis que também fazem juz aos personagens como a Emeraude. São as pequenas coisas que não fazem a menor diferença como os figurantes do Instituto. Em suma eu sim estou amando a série e realmente não acho que ela mereça essa ridicularização, mas mesmo sendo fã acho que a série está distante de se tornar a melhor do ano pelo menos até agora.

    ❥Blog:Gordices Literárias

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  2. Penso que hoje em dia fazer críticas nada construtivas virou mania, parece que sentem prazer em fazer isso. E como você disse, não é possível julgar uma série apenas pelo primeiro episódio e muitos fazem isso sem nem apenas ver. Li muitas críticas super construtivas, resenhas dos primeiros episódios e da série em si e a minoria foi negativa o que me surpreendeu porque eu via muito no instagram/twitter pessoas falando mal. Estou vendo a série e não tenho do que reclamar. É uma boa série e que sim tem um futuro pela frente se esses que se dizem julgadores aprenderem e der uma chance para ela. Cada um tem um gosto e uma forma de ver, eu assisti e gostei, como muitos e como você também acho que deveriam dar uma chance a ela.
    Abraços.
    http://www.amordeluaazul.com.br

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