Livro: Cidade dos Etéreos
Título original: Hollow City
Autor (a): Ransom Riggs
Editora: Intrínseca
Páginas: 384
ISBN: 9788580578904
Sinopse: Cidade dos etéreos dá sequência ao celebrado O orfanato da srta. Peregrine para crianças peculiares, em que o jovem Jacob Portman, para descobrir a verdade sobre a morte do avô, segue pistas que o levam a um antigo lar para crianças em uma ilha galesa. O orfanato abriga crianças com dons sobrenaturais, protegidas graças à poderosa magia da diretora, a srta. Peregrine. Neste segundo livro, o grupo de peculiares precisa deter um exército de monstros terríveis, e a srta. Peregrine, única pessoa que pode ajudá-los, está presa no corpo de uma ave. Jacob e seus novos amigos partem rumo a Londres, cidade onde os peculiares se concentram. Eles têm a esperança de, lá, encontrar uma cura para a amada srta. Peregrine, mas, na cidade devastada pela guerra, surpresas ameaçadoras estão à espreita em cada esquina. E, além de levar as crianças a um lugar seguro, Jacob terá que tomar uma decisão importante quanto a seu amor por Emma, uma das peculiares. Telecinesia e viagens no tempo, ciganos e atrações de circo, malignos seres invisíveis e um desfile de animais inusitados, além de uma inédita coleção de fotografias de época — tudo isso se combina para fazer de Cidade dos etéreos uma história de fantasia comovente, uma experiência de leitura única e impactante.

SÉRIE "O ORFANATO DA SRTA. PEREGRINE PARA CRIANÇAS PECULIARES"
    1.  O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares
    2.  Cidade dos Etéreos 
    2.  Biblioteca das Almas (sem previsão de lançamento)

Ransom Riggs cresceu na Flórida e hoje mora em Los Angeles. Sempre seguiu uma dieta à base se histórias de fantasmas e comédias britânicas, o que provavelmente explica o estilo de seus romances. Não são poucas as chances de ele ficar escondido debaixo da sua cama, pronto para dar um susto em você (vá conferir). Se não o achar lá, você certamente vai encontrá-lo no Twitter: @ransomriggs.

   Cidade dos Etéreos começa exatamente onde seu antecessor termina, nos trazendo a realidade de Jacob e os peculiares que o acompanham em sua jornada, a exemplo: Emma, Bronwyn, Millard e Horace. Em O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares, após a morte de seu avô, Jacob parte para uma misteriosa ilha no interior do Reino Unido, em busca de respostas, na esperança de descobrir a verdade por trás das histórias do avô, que jurava ter vivido num orfanato para crianças com dons peculiares, antes de ter se mudado para os Estados Unidos. 
   Na ilha, Jacob encontra o orfanato numa fenda temporal protegida pela ymbryne Alma LeFay Peregrine, que mantém as crianças da história do avô de Jacob congeladas no tempo, para que não sofram os efeitos da Guerra Mundial que destruíra o orfanato. Em sua aventura, Jacob acaba por descobrir que também é peculiar, e que seu dom é sentir a presença e enxergar etéreos, criaturas que caçam peculiares, para lhes roubar a alma. Além da Srta. Peregrine, existem outras ymbrynes, que constroem fendas temporais, para protegerem os peculiares tanto do mundo real quanto das criaturas que as perseguem. 
   Só que agora criaturas estão caçando também as ymbrynes, e quando uma captura a Srta. Peregrine, ela fica presa em sua forma de ave (Falcão-peregrino) e torna-se incapaz de manter a fenda temporal que protege os peculiares. Na tentativa de trazer Peregrine a sua forma humana, os peculiares partem em um barco ancorada na baía da ilha, em busca de ajuda. No caminho, criaturas ameaçam fervorosamente os peculiares, e quando eles chegam a costa, uma delas os atacam, fazendo com que sejam obrigados a se esconderem numa floresta, que acaba servindo de refúgio, visto que nela há um fenda mantida pela única ymbryne que ainda não fora capturada. Mas a Srta. Wren, ymbryne da fenda, está em Londres, e novamente os peculiares tem de percorrer um longo caminho. Um caminho desconhecido, árduo e recheado de coisas perigosas. 

   Desde o lançamento de O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares, anos atrás pela editora Leya, ele era um livro que eu aguardava muito, principalmente por seu notável sucesso. E, como todas as pessoas que colocam os olhos nele, pensei tratar-se de uma história de terror, mas nada a ver. É algo incrivelmente melhor e tão bem desenvolvido quanto o gênero de mestres como Stephen King, por exemplo. Recentemente, dei uma chance ao livro e realmente gostei muito, algo totalmente novo, bem trabalhado e inesperado. Obviamente, não poderia deixar de ler sua sequência, lançada agora pela Intrínseca.
   Apesar de não ter aquele receio que a maioria dos leitores possuem, ao iniciarem uma sequência, eu estava meio "nervoso", por assim dizer, com medo que ficasse frustrado. Um medo bobo, claro. Cidade dos Etéreos é tão surpreendente quanto seu antecessor, e um fã de fantasias como eu, não poderia estar mais feliz com o resultado dessa sequência eletrizante, animada e que mantém o excelente dinamismo que tornou-se marca registrada de Riggs.
   Cidade dos Etéreos também é narrado em primeira pessoa, sob a peculiar e estrutural ótica de Jacob, protagonista principal da trama. A narração, em suma, segundo o que percebi desde o primeiro momento, parecer ser o ponto mais alto da estrutura que forma a história de Riggs, visto que o esmero que ele tem com ela, é maior que qualquer outra coisa. O autor dá um forte embasamento a seu protagonista, de modo que ele não consiga apenas ser um bom personagem, mas de forma que ele faça um contraste opulente entre o ritmo da obra ao detalhes ricos e a escrita descritiva e perspicaz.

“(…) eu optara por mergulhar em um mundo que jamais imaginara, onde vivia entre as pessoas mais vivas que eu já tinha conhecido, onde fazia coisas que nunca tinha imaginado ser capaz de fazer e sobrevivia a coisas às quais nunca tinha sonhado sobreviver”.

   Decididamente foi uma boa leitura! Tanto é que não consigo apontar claramente um ponto que não tenha me agradado, e isso se deve principalmente ao modo como a história se mostrou inovadora sob minha ótica literária. Talvez por isso eu não tenha base, ou algo pela qual comparar, para decidir o que não tenha gostado. Em suma, eu gostei muito do livro, e pontos que chamam muita atenção, decididamente, é tanto a notável evolução do primeiro ao segundo livro, quanto a edição lançada pela Intrínseca, que dispensa maiores detalhes, apesar de que falarei dela mais abaixo.
    No primeiro livro, temos esse estilo meio... gótico, poderia dizer? Uma estrutura que mistura de forma incomum vários gêneros e situações, que englobam e inserem totalmente o leitor, mostrando personagens pouco desenvolvidos, histórias ainda por serem descobertas e coisas a serem dinamizadas. Isso no segundo livro é diferente. Tudo já está desenvolvido, explicado, dinamizado e isso torna tudo ainda melhor, dando a sensação de evolução, principalmente no ritmo, que agora é mais constante e repleto de reviravoltas. 
   Os personagens também fazem parte de um ponto interessante, mais espaçoso, e por que não peculiar? Agora temos um Jacob mais maduro, um adolescente moldado para ser adulto antes do tempo e que tem de tomar fortes decisões, que não são capazes somente de mudar sua vida, mas também daqueles que o rodeiam, no caso os peculiares que o acompanham. A evolução do primeiro ao segundo livro também nota-se no tocante aos peculiares em geral, que agora ganham um espaço maior e mais descritivo.
  Temos também em destaque a relação entre Emma e Jacob, principalmente pelo pensamento que ele tem: como será quando eu tiver que voltar para a realidade normal em que vivo? Ainda que ele não tenha respostas para suas indagações, continuamos a ver seu relacionamento com a jovem peculiar. Relacionamento este que é levado no ritmo ideal para agradar o leitor, nem muito meloso, nem muito parado. Resumindo: quem não teve bom desenvolvimento no primeiro livro, agora tem espaço em Cidade dos Etéreos, e tudo isso, inclusive, da-se com pequenas retomadas de assuntos importantes.
   Sim, agora, sim, vamos a melhor parte de tudo. Algo que sobrepõe-se até mesmo a história: a edição! Eu já vi — e tenho — vários e vários livros, inclusive norte-americanos, mas nunca vi, nem tive, uma edição tão linda quanto a desenvolvida pela Intrínseca para Cidade dos Etéreos. É um esmero que nem consigo explicar, tampouco demonstrar por meio de fotografias — sugiro que comprem! A capa foi mantida a original do livro, lançada lá fora, e na verdade trata-se de uma jacket. O livro é em estilo hardcover americano, com uma capa dura por trás da jacket removível, em cor azul. A diagramação é a mais bonita que já vi, com folhas de diferentes cores e texturas, ótimas fontes, inúmeras fotografias, registro dos peculiares... uma verdadeira edição de luxo, por assim dizer. Só parabenizações a Intrínseca.
   Para quem não sabe, a Fox Film finalmente divulgou o trailer da tão esperada adaptação cinematográfica de O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares, primeiro livro da trilogia, que estreia no dia 30 de Setembro. A adaptação é uma superprodução do renomadíssimo diretor Tim Burton, que dirigiu também Alice no País das Maravilhas e Edward Mãos-de-Tesoura, e é estrelado por Eva Green, da série de terror Penny Dreadful, no papel da Srta. Peregrine. Você poderá assistir ao trailer ao final da resenha. E, por fim, eu sugiro que conheçam toda a trilogia de Riggs, vocês irão se encantar, principalmente os fãs de fantasia, já que aqui temos uma mistura incomum de terror, sobrenatural, suspense e vários outros subgêneros. Cidade dos Etéreos também é uma história sobre amizade, lealdade, superação de limites, coragem, escolhas, decisões e com um desfecho maravilhoso. Sem dúvidas, eu indico!

        
 
Primeiro parágrafo do livro: “Remamos pela baía, passando por barcos balançantes com a ferrugem vazando das emendas dos cascos, por bandos de aves marinhas silenciosas amontoadas nas ruínas de docas afundadas e cobertas de cracas, por pescadores que baixavam as redes para nos encarar, estupefatos, sem saber se éramos reais ou imaginários — uma procissão de fantasmas flutuando na água ou de pessoas que em breve virariam fantasmas.”
Melhor quote: “Eu estava ali por um motivo. Havia algo que eu precisava fazer, não apenas ser; e não era fugir ou me esconder, muito menos desistir no instante em que as coisas começassem a parecer aterrorizantes e impossíveis. ”

 


2 Comentários

  1. Ah apaixonada por esse livro, ainda não li, mas quero muito, essa resenha me deu ainda mais vontade de ler.
    http://souadultaagora.blogspot.com.br/

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  2. Oi!
    Eu ainda não li o primeiro livro, mas recebi o segundo e me apaixonei pela edição! Estou super curiosa para a leitura, já que parece ser uma história incrível! Quero muito adquirir logo o primeiro para embarcar nesse mundo!
    Beijos,
    Déia
    Own Mine

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