Livro: Sem Esperança
Título original: Losing Hope
Autor (a): Colleen Hoover
Editora: Galera
Páginas: 320
ISBN: 9788501065124
Sinopse: "Sem Esperança - Assombrado pela culpa e pelo remorso por não conseguir salvar Hope nem Less, Holder desenvolveu uma personalidade agressiva. Mas, quando finalmente se depara com Hope depois de tantos anos, não poderia imaginar que o sofrimento seria ainda maior após o reencontro. Em Sem esperança, Holder revela como os acontecimentos da infância de Hope, que agora se chama Sky, afetaram sua vida e sua família, fazendo-o buscar a própria redenção na possibilidade de salvá-la. Mas é apenas amando Sky que ele finalmente será capaz de começar a se reconciliar com si mesmo."

 SÉRIE "HOPELESS"
    1.  Um Caso Perdido
    2.  Sem Esperanças
    3.  Em Busca de Cinderela



O livro é o segundo volume da série Hopeless, e, apesar de poder ser lido individualmente, sem o primeiro, é recomendado ler a série na ordem correta, já que não se entenderá completamente muitos fatos. 

    Dean Holder viu sua vida mudar no dia em que, quando criança, viu sua vizinha e melhor amiga, Hope, ser levada por um desconhecido. Ele e sua irmã gêmea, Less, nunca pararam de procurar por ela desde então. Agora, contudo, Less cometeu suicídio e deixou Holder sozinho — sozinho com a culpa por não ter salvo a irmã no presente, assim como não salvou a melhor amiga no passado. Sentindo-se desolado, incapaz de cuidar das duas pessoas que mais amou na vida, ele se envolve em muitas confusões, e, depois de uma briga especialmente feia, é obrigado a ir morar com seu pai em outra cidade. 
   Recém chegado na cidade que abandonou um ano atrás, Holder reencontra sua mãe e, por consequência, sua antiga vida. Ele conhece, por acaso, Sky, uma menina que parece lhe atrair de maneira inexplicável — e que, ao mesmo tempo, lhe lembra a doce Hope de seu passado. Ele tenta se aproximar dela, mas parece fazer tudo de maneira errada, gerando uma série de maus entendidos com a menina. Quem será ela, e será que o começo de relacionamento eles estabeleceram será capaz de resistir aos tantos segredos que Holder esconde?
    
   Se há algo que precisa ser dito e é absoluto sobre Colleen Hoover, é o seguinte: eis uma autora que sabe como prender um leitor às suas obras. Recentemente, devorei Um Caso Perdido (o livro anterior da série; confira a resenha aqui!) em questão de horas, e devo esclarecer que o mesmo ocorreu com Sem Esperança. Depois de ter gostado da primeira história, mas, ao mesmo tempo, não ter conseguido ignorar os defeitos dela, não tinha grandes expectativas para o segundo volume da série — já que a história, afinal, é a mesma —, e, mais uma vez, fui surpreendida pela habilidade da autora. 
   Sem Esperanças é um livro que traz como ponto forte sua intensidade. Nada com Holder é simples, isso fica bem claro em Um Caso Perdido, mas só agora entendemos até onde vão os problemas do rapaz: é dessa forma que o livro, tratando de temas leves, ao mesmo tempo ressalta pontos sombrios, como a dor da perda, a culpa e um tipo de sofrimento que pode vir do fundo da alma de uma pessoa. 
   Algo que me chamou atenção sobre a obra foi justamente isso: a maestria da autora em, ao mesmo tempo que possui um enredo cheio de leveza — com direito a conversar descontraídas entre Holder e Daniel, seu amigo, e cenas hilárias com Sky e Breckin —, conseguir inserir a ele uma quantidade da drama e dor quase palpável. Isso é algo que merece congratulações, pois Hoover conseguiu administrar tais aspectos de uma maneira tão natural que é difícil notá-los até parar para refletir sobre o livro. 


   Narrado em primeira pessoa pelo próprio Holder, também agora se torna conhecida ao leitor a verdadeira face desse personagem tão controverso. Se no primeiro volume da série tínhamos os flashbacks de Sky para variar o enredo, dessa vez a jogada com Holder são cartas fúnebres a sua irmã, no presente falecida há um ano, Less. É através das cartas que o personagem coloca para fora toda sua dor e abre o jogo sobre seus sentimentos, algo raro para ele, mas que consegue fazer apenas com Less — e, agora, com Sky. 
   O interessante sobre a narrativa da autora, creio eu, é o fato de ela ir construindo-a aos poucos, sem nos dar tantas informações sobre os personagens e os permeios da história deles. Desse modo, as coisas são reveladas ao leitor com o tempo, deixando uma considerável parte dos detalhes para ele mesmo resolver. Isso é algo muito bem pensado, sim, e que exige certo esforço da autora; mas, ao mesmo tempo, devo dizer que tal detalhe me incomodou em partes do livro. Deixe-me explicar melhor...
    Holder é um tipo de personagem quando narrado pelo pronto de vista de Sky, em Um Caso Perdido, é o tipo de cara um pouco briguento, teimoso e estourado, mas que consegue ser realmente doce e amável com a menina pelo qual está se apaixonando. Até o final do primeiro livro (e, não, não contarei spoilers!) entendemos boa parte de seu comportamento e vemos que ele é, na verdade, uma pessoa boa que não soube lidar muito bem com a culpa e o peso da morte da irmã. Até aí, tudo bem. 
   Foi justamente por isso que, ao entender o que a autora tentou fazer com seu personagem nesse segundo livro, não pude deixar de ficar um tanto chateada. Muita coisa, muitas atitudes do garoto, agora são tidas como mal entendidos, e senti que Hoover acabou criando uma "explicação" para cada vez que Holder conseguiu, em Um Caso Perdido, deixar o leitor com raiva ou receoso por seu comportamento. A impressão que me foi passada foi a de que a autora tentou arrumar todos os defeitos de seu personagem, e isso acaba ficando forçado demais, mas não da maneira usual. 
   Não é que eu não entenda, nem ache que tais explicações ficaram "manipuladas"; pelo contrário, consegui entender cada coisa muito bem e tudo é eximiamente esclarecido. Mas é aí que mora o problema. Com tanta explicação e justificativa, pareceu, sob um olhar mais crítico, que o personagem não tinha nenhum defeito. Se tudo o que ele fez foi "explicado" pela culpa ou por certo pensamento que passou por sua mente, o garoto que Sky enxerga no primeiro livro, estourado e um tanto violento com os outros, não existe; e, assim, fiquei me perguntando se quem narra Sem Esperança não é alguém completamente diferente de quem é descrito em Um Caso Perdido. 




   Por outro lado, gostei bastante do modo como Sem Esperança inseriu novos fatos à história. Creio que é impossível ao leitor não ficar um tanto receoso ao ler um reconto de certa história — no meu caso, pelo menos, hesito pela possibilidade de uma história monótona e repetitiva. O que acontece aqui, entretanto, é o fato incrível de autora ter conseguido me prender a mesma história de maneiras diferentes. Pensei que, por já saber o desenrolar dos fatos, haveria momentos chatos e cansativos, mas isso não aconteceu: me vi sorrindo, alegre, angustiada e revoltada, do mesmo jeito que com o primeiro livro. 
  Algo que realmente lamento sobre o livro é a tradução. Não tenho queixas da tradução para o português especificamente, mas me refiro à tradução para qualquer idioma, que acaba tirando o sentido de muitas das situações presentes no livro. Para quem não conhece muito do inglês essas jogadas acabam perdidas — o nome do livro originalmente, por exemplo, é Losing Hope, tem duplo significado: ao mesmo tempo que pode ser traduzido como "perdendo a esperança", também pode significar "perdendo Hope", a menina que Holder nunca conseguiu esquecer. Essa é apenas uma das diversas outras frases cuidadosamente criadas para serem ambíguas pela autora, e é uma pena que elas não possam serem passadas para outro idioma sem perderem um pouco de seu significado.
    No mais, a edição da Editora Galera é muito bem feita. Não gostei muito da capa do livro; capas com modelos já não são minhas preferidas, mas, nessa, especificamente, achei o modelo velho demais para retratar um jovem de 18/19 anos (isso acaba não sendo culpa da Galera, especificamente, já que a capa segue o padrão da original americana). A diagramação e design interno são simples, mas belos, e não me deparei com nenhum erro de revisão ou ortografia durante a leitura. 
   Por fim, Sem Esperanças é um livro inteligente, permeado de drama e romance. Dessa vez conhecemos Holder por inteiro, sem ressalvas, com toda a intensidade que é intrínseca do personagem. Hoover mostra mais uma vez seu brilhantismo, provando que se pode, sim, escrever uma história jovem que seja inteligente e bem pensada. Para quem leu e gostou de Um Caso Perdido, é uma leitura obrigatória!

Primeiro parágrafo do livro:
"Meu coração está dizendo para eu simplesmente ir embora. Less já me avisou mais de uma vez que isso não é da minha conta. No entanto, ela não sabe como é ser o irmão mais velho de alguém. Não sabe o quanto é difícil ficar quieto e não se meter nas coisas. É por isso que, nesse momento, esse filho da mãe é minha prioridade número um."
Melhor quote:
"Nunca tinha olhado para frente antes. Só olhava para trás. Penso demais no passado e penso no que deveria ter feito e em tudo o que fiz de errado e nunca olhei para frente na vida, nenhuma vez. Ficar com ela me fazia pensar no amanhã e no dia depois de amanhã e no dia seguinte e no ano seguinte e na eternidade. Preciso disso agora, pois se eu não abraçá-la de novo… vou terminar olhando para trás mais uma vez, deixando o passado me engolir completamente."

                    


4 Comentários

  1. Olha eu sinceramente estou bastante ansiosa para ler a continuação de Um Caso Perdido, porque foi um livro que adorei ler e sinceramente acho que vou gostar também da história desse livro no ponto de vista de Holder. Adorei a sua resenha, pois foi muito bem elaborada. Meus parabéns amiga. Continue assim =]

    Espero ter a oportunidade de ler logo o livro, porque no momento estou sem dinheiro ... =~~~

    http://lovereadmybooks.blogspot.com.br/2015/03/resenha-selecao.html

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  2. resenha muito completa, uma das melhores que já li. valeuuu!

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  3. Eu sou apaixonada pelos livros da Colleen,e quando fiquei sabendo que Sem esperança tinha sido lançado aqui no Brasil fui correndo comprar. Estou bem no começo,mas já estou amando afinal amo visão masculina!
    Parabéns pela resenha

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  4. Costumo dizer que a Colleen Hoover é o demônio da escrita! É impossível não se apaixonar pelos livros dela. Sempre que vejo um lançamento corro para economizar para comprar os livros pois sei que todos os seus livros acabam se tornando meus favoritos de todos os tempos.
    Um Caso Perdido foi um dos melhores livros dela e estou louca para conhecer o ponto de vista do Holder, afinal de contas é impossível não se apaixonar por ele. Gosto de livros que abordam o suicídio de parentes, pois tenho duas amigas que passaram por isso na vida real e sempre acabo aprendendo alguma lição para poder ajudá-las a seguir em frente mesmo com o coração estilhaçado com a perda do ente querido e suas decisões de dar um fim em suas vidas.
    Também imagino que ter a visão de Holder sobre os acontecimentos é tão doloroso quando a visão de Sky, então só me resta economizar novamente para completar a minha coleção da diva Colleen Hoover.

    Parabéns pela resenha e pelo blog! Amo esse cantinho!
    Beijos!

    Viviane Gonçalves
    vsg_caue@hotmail.com

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