Livro: Espada de Vidro
Título original: Glass Sword
Autor (a): Victoria Aveyard
Editora: Seguinte
Páginas: 496
ISBN: 9788565765947
Sinopse: O sangue de Mare Barrow é vermelho, da mesma cor da população comum, mas sua habilidade de controlar a eletricidade a torna tão poderosa quanto os membros da elite de sangue prateado. Depois que essa revelação foi feita em rede nacional, Mare se transformou numa arma perigosa que a corte real quer esconder e controlar.Quando finalmente consegue escapar do palácio e do príncipe Maven, Mare descobre algo surpreendente: ela não era a única vermelha com poderes. Agora, enquanto foge do vingativo Maven, a garota elétrica tenta encontrar e recrutar outros sanguenovos como ela, para formar um exército contra a nobreza opressora. Essa é uma jornada perigosa, e Mare precisará tomar cuidado para não se tornar exatamente o tipo de monstro que ela está tentando deter.

SÉRIE "A RAINHA VERMELHA"
  1.5  Coroa Cruel
    2.  Espada de Vidro
    3.  (nome não divulgado)
    4.  (nome não divulgado)

Victoria Aveyard cresceu numa cidadezinha em Massachusetts e frequentou a Universidade do Sul da Califórnia, em Los Angeles. Ela se formou como roteirista e tenta combinar na sua escrita seu amor por histórias, explosões e heroínas fortes. Seus hobbies incluem a tarefa impossível de prever o que vai acontecer em As Crônicas de Gelo e Fogo, viajar e assistir Netflix. A Rainha Vermelha, primeiro livro da série Red Queen, já vendeu milhares de exemplares no mundo e venceu prêmios como o GoodReads, que premiou os melhores livros de 2015

   Espada de Vidro começa no instante em que A Rainha Vermelha é finalizado, onde a vida de Mare Barrow foi modificada completamente, nos poucos meses em que ela passou no palácio da família real de Norta. Após ter descoberto que possuía poderes especiais, mesmo sendo uma vermelha, e de ser acusada de ataques rebeldes, Mare encontra refúgio na Guarda Escarlate, onde inicialmente os vermelhos não a tratam como uma igual. Apesar de seu sangue ter a mesma cor, ela é ao mesmo tempo temida e desprezada por ter poderes que nenhum outro vermelho tem — o quase nenhum. 
   Antes de fugir do palácio, Mare conseguiu uma lista com nomes de outros que tinham sangue vermelho e poderes prateados — e eram mais fortes que ambos. Sem se encaixar direito em nenhum desses dois mundos, Mare faz de tudo para encontrar seus semelhantes, já que formar um exército de sanguenovos será decisivo para que a rebelião triunfe. Enquanto parte em viagens arriscadas por vários cantos do país para recrutar cada um deles, Mare descobre vermelhos com poderes inimagináveis, como possuir um corpo indestrutível, mudar completamente a aparência ou até mesmo voar. 
   Mas ela não é a única atrás dos sanguenovosMaven, o rei, e a Rainha Elara não veem a hora de destruí-los e, por mais que se esforce, a garota não consegue salvar a todos, e chega até a cair em emboscadas do rei. Mare é a principal arma da rebelião, a garota elétrica, a Rainha Vermelha, mas será que ela vai se estilhaçar sob o peso das mortes que não pôde evitar, ou vai se tornar cada vez mais forte, vermelha como a aurora?

   Gente, se a Editora Seguinte não fosse puxar minha orelha, resumiria a resenha em apenas uma frase: leiam, porque é incrível. E não estou exagerando, estou sendo muito sincero, principalmente porque faz um bom tempo que uma distopia não me prendia como aconteceu com A Rainha Vermelha e Espada de Vidro. Já é de conhecimento geral que, quase sempre, os autores tendem a se perder quando transitam de um livro à sua continuação, certo? Mas, inacreditavelmente, não é o que acontece em Espada de Vidro. Acontece algo ainda mais inesperado: percebemos uma evolução significativa no estilo narrativo da Victoria, como se finalmente ela tivesse encontrado seu rumo, sua direção e estilo.
   A narrativa continua inteligente, só que bem melhor da que está presente no primeiro livro. Apesar da extensão do livro — digo em número de páginas — nada é absolutamente enrolado, tampouco excessivamente descrito. É meio a meio, e assim, num ritmo eletrizante, como Mare Barrow, as coisas são levadas, numa trama que pode ser nomeada de tudo, menos de lenta. Eu diria que, apesar de tudo, devorei Espada de Vidro.
   Distopia, que na verdade não é um gênero (viu, gente?), é um dos pensamentos filosóficos que mais admiro numa obra de ficção, e não poderia ser diferente dessa vez, principalmente porque Espada de Vidro, como toda a série A Rainha Vermelha, até então, é uma obra que se sobressai em meio a tantos clichês. E quando digo isso, não é simplesmente sem ter ou comprovar fatos. Já li centenas (sério!) de distopias e A Rainha Vermelha, apesar de inspirada em outros ícones literários, possui um estilo próprio, que vem a ser salientado melhor em Espada de Vidro.

“Antes, eu acreditava que o sangue era tudo no mundo, a diferença entre a luz e a escuridão, uma divisão irrevogável e intransponível. Tornava os prateados poderosos, frios e brutais, desumanos até, quando comparados aos meus irmãos vermelhos. Mas pessoas (…) me mostraram como eu estava errada. Os prateados são humanos como nós, cheios dos mesmos medos e esperanças. Não estão livres do pecado, mas também não estamos. Nem eu estou.”

   Pra quem não sabe, Victoria é mega fã de As Crônicas de Gelo e Fogo, série de livros do George Martin, popularmente chamada apenas de Game of Thrones, e, obviamente, ela não poderia ter escolhido uma inspiração melhor. Apesar disso, os livros de Red Queen não são ambientados, em suma, como em As Crônicas de Gelo e Fogo, devido ao lado young adult. Contudo, percebemos muitas referências, como na construção monárquica, nomes de personagens e atitudes dos mesmos. Achei hilário, e costumo nomear a série de uma mistura incomum de X-Men, Game of Thrones e distopia.
   Outro ponto que chama muita atenção, mas muita mesmo, é a construção da trama, tendo em vista que sempre esperamos o clichê básico. Se antes Victoria tinha caído na armadilha do tradicional livro juvenil adulto, agora ela encontrou seu caminho, e, em minha opinião, fez uma história com verossimilhança, que tem as exatas características de caso fosse realidade, e não ficção. Percebemos isso pelo romance, que não tem uma abordagem melosa, que atrapalha os personagens, os faz devanear e aquilo que sempre acontece nos livros e que, na maioria das vezes, tira o leitor do sério. Como os próprios personagens dizem, não há espaço para distrações em meio a uma guerra. E, vamos combinar, não há mesmo. 
   Em Espada de Vidro, Mare nos é mostrada em sua totalidade, e a narração em primeira pessoa favoreceu muito isso. Aqui vemos os pensamentos, emoções e sentimentos de alguém que tem uma guerra para enfrentar, pessoas que resgatar e outras peripécias. E ela é mostrada da forma mais próxima possível ao que uma mulher forte, jovem, seria caso houvesse mesmo a situação descrita no livro. Depois de Tris (Divergente) e de Cia (O Teste), Mare é minha protagonista distópica favorita. Ela é incrível. 
   Cal é o príncipe exilado em A Rainha Vermelha, e pra quem esperava uma química forte entre os dois, não vai se enganar totalmente, mas, sim, se surpreender. Eles deixam o amor parcialmente de lado (sem distrações) e passam a ter pensamentos diferentes, sendo unidos apenas por um desejo, o de vingança. É em Espada de Vidro que vamos ver como a relação deles vai se desenrolar, os problemas de aceitação, de se encontrar e tudo mais. Em suma, os personagens são bem centralizados e muito bem trabalhados. Veremos eles em ação, e todos são mostrados de uma perspectiva onde a mente tem que falar primeiro que o coração, afinal uma Guerra Civil está preste a iniciar.
   Agora as críticas! Não há muito o que falar, apenas fatos básicos e imprescindíveis, afinal uma resenha deve abordar aquilo que é necessário. Encontrei, em suma, dois probleminhas em Espada de Vidro, que apesar de simples, me incomodaram. O primeiro foi que faltou um mapa. Victoria se inspirou tanto em Game of Thrones, mas se esqueceu que George Martin colocou um mapa em todos os livros da série, e pelo que fiquei sabendo, apenas Coroa Cruel, livro de contos da série, possuí um mapa do reino. O segundo problema foram as cenas finais do livro. Como escritor, também sei que quando nosso "texto" está grande demais, temos vontade de acabar logo, com o medo de que já tenhamos falado demais, mas nem sempre é assim. As cenas finais de Espada de Vidro estavam tão boas que não vi necessidade de ter acabado tão rápido, poderia ter dado mais espaço (ainda) a ação, e todo o resto. Mas tudo bem, é apenas um fato que apesar de relevante, não sobressai sobre o todo maravilhoso que é o livro —  que tem um final que faz você quase morrer de ansiedade pela continuação.
   A edição está linda, eu passo o dia namorando esse livro. Gente, essa capa laminada é tudo de bom, certo? Muito bonita, sem contar que ainda vem com um marcador na orelha da contracapa. O Grupo Companhia das Letras é demais! A imagem da capa, apesar de clichê (devido ao primeiro livro) é bem forte, e passa muito bem a ideia do livro e o caráter monárquico do mesmo. A diagramação inteira, juntamente com o design, é simples, mas de visual agradável e de fácil aceitação. Os erros de revisão foram impossíveis de encontrar, não sei se por não existirem ou por eu ter lido, digamos, devorando tudo
   Por fim, leiam, somente leiam. Eu fico sem palavras pra descrever quando um livro é bom pra mim, apesar de trabalhar com as resenhas a mais de anos. Espada de Vidro me eletrizou, me deixou animado, com uma vontade louca de sempre continuar lendo. E se você leu A Rainha Vermelha e gostou muito, tenho certeza que gostará ainda mais de Espada de Vidro. Victoria anunciou que no todo terão quatro livros, e de inicio não consegui imaginar como ela destrincharia em quatro partes essa história, mas após ler Espada de Vidro entendi como ela fará isso, contando parte por parte, separando fato por fato, até o final que todos aguardamos. Sobretudo, Espada de Vidro é um livro que mostra que podem haver vários fatos, mas um é inigualável: todo mundo pode trair todo mundo. Recomendo demaais! Ah, ia esquecendo: essa série vai virar filme, pela Universal Pictures. Mais um motivo pra vocês lerem.

Primeiro parágrafo do livro: "Estremeço. Ela me deu um pano limpo, mas ainda tinha cheiro de sangue. Não deveria me importar com isso. Já tenho sangue pela roupa inteira. O vermelho é meu, claro. O prateado pertence a muitos outros. Evangeline, Ptolomeus, o lorde ninfoide... todos que tentaram me matar na arena".
Melhor quote: "Ninguém nasce mau, assim como ninguém nasce sozinho. As pessoas se tornam más e solitárias, por escolha e circunstância. Esta última você não pode controlar, mas a primeira... Mare, temo muito por você."



Um Comentário

  1. Estou doida pra ler esse livro, gostei muito de A Rainha Vermelha e cada resenha que leio dele me deixa ainda mais ansiosa em conferi essa continuação.

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