Livro: Um Mundo Melhor
Título Original: A Better World 
Autor (a): Marcus Sakey
Editora: Galera Record
Páginas: 420
ISBN: 978-85-01-07159-0
Sinopse: Nick Cooper lutou para que os brilhantes, parcela da população dotada de habilidades incomuns, fossem aceitos e integrados na sociedade. Até uma rede terrorista, liderada justamente por brilhantes, atingir três cidades e deixar o país à beira de uma guerra civil. Cooper é brilhante e agora também consultor do presidente dos Estados Unidos, além de ser contra tudo o que os terroristas representam. Porém, conforme o país descamba para o caos, ele se vê forçado a participar de um jogo que não aceita perdedores, pois seus oponentes têm uma visão particular de um mundo melhor.

TRILOGIA "BRILHANTES"
    1.  Brilhantes
    2.  Um Mundo Melhor
    3.  Written In Fire (2017)

Nascido em Michigan, Marcus Sakey trabalhou como publicitário por dez anos antes de se tornar escritor. Seu trabalho já foi indicado a diversos prêmios, dentre eles o Strand Critics, o Reader's Choice e o ITW Thriller Awards. Também é roteirista e apresentador de Hidden City, um programa de turismo do Travel Channel. Atualmente, vive em Chicago com a esposa e a filha.

   Em Brilhantes, acompanhamos o dilema dos anormais que, desde 1980, passaram a fazer parte do 1% da população mundial que nascia com dons com os quais apenas sonhávamos: a capacidade de perceber os segredos mais íntimos de uma pessoa, de prever o mercado de ações, de reconhecer padrões ou andar sem ser visto. No meio disso, conhecemos Nick Cooper, brilhante do primeiro escalão, reconhecedor de padrões, divorciado, e o melhor agente do DAR (Departamento de Análise e Reação), também chamado de Agência de Controle de Anormais, que visa controlar os brilhantes que geralmente oferecem um risco a paz coletiva. No primeiro livro, Nick adentra no terrorismo, com o objetivo de derrubar John Smith, um ativista que vem causando enormes problemas para a paz coletiva. Contudo, Nick acaba descobrindo que, desde o início, vinha sendo enganado e para resolver o problema se infiltra ainda mais no mundo do terrorismo, da rebeldia, da conspiração e vai contra tudo que acredita — e quando se trata de proteger sua família e o resto do mundo, ele faz tudo que puder, mesmo que isso lhe apresente um mundo ordinário e falso, onde política, preconceito, conspiração e revolução se misturam e fazem pensar.
   Em Um Mundo Melhor, Nick ainda não solucionou todos os problemas, que se intensificaram cada vez mais — afinal, os brilhantes mudaram tudo. Por trinta anos, o mundo enfrentou uma separação crescente entre os excepcionais... e o restante de nós. Agora, que o DAR não existe mais e o antigo presidente dos Estados Unidos está sofrendo um impeachment, uma rede terrorista liderada por brilhantes atingiu três cidades. Prateleiras de supermercado estão vazias, chamadas de emergência não são atendidas. Fanáticos estão queimando pessoas vivas.
   Nick Cooper sempre lutou para tornar o mundo melhor para os filhos. Como brilhante e consultor do atual presidente dos Estados Unidos, ele é contra tudo o que os terroristas representam. Porém, conforme o país descamba para uma guerra civil devastadora, Cooper é forçado a participar de um jogo que não pode se dar ao luxo de perder — porque seus oponentes têm uma visão particular do que vem a ser um mundo melhor. E, para realizá-la, estão dispostos a destruir este aqui. De Marcus Sakey, "o mestre da leitura empolgante e inteligente" (Gillian Flynn) e "um dos melhores contadores de histórias" (Michael Connelly), o livro dois da saga Brilhantes é um montanha-russa implacável que mudará sua forma de ver o mundo — e as pessoas a seu redor, claro. 

   Gente, não consigo nem explicar a emoção que senti em ler esse livro! Que acompanhou a resenha que fiz do primeiro livro (leia aqui) sabe que eu simplesmente adorei a história, a trama, os personagens... tudo. Eu estava muito ansioso para ler o segundo livro e matar a saudade de Nick Cooper e suas aventuras  — quase tive um enfarte quando a Galera Record anunciou o lançamento e essa capa maravilhosa. Novamente me senti feliz por encontrar algo novo e uma escrita diferente atrelada a uma trama inovadora e muito, muito genial. Quando eu conheci Brilhantes, eu criei muitas expectativas, principalmente pelas características da trama: cheia de ação, aventura, terrorismo, inverdades, conspirações e outros. Na época, afirmei que as expectativas não só se mantiveram satisfatórias, como se superaram. Agora, fico novamente feliz em afirmar o mesmo em relação ao volume dois dessa saga que sem dúvidas é uma das melhores que já li na vida.
   E, mesmo antes de ler qualquer coisa do Sakey, o gênero não era novidade para mim (não como um todo, claro), visto que é muito próximo do que encontramos em distopias. Agora vamos a um erro cometido na resenha do primeiro livro: eu disse que Brilhantes não era distopia, contudo, eu estava errado. De lá para cá, muito aprendi sobre distopias e, agora, afirmo com certeza que a trama tem, sim, caráter distópico por apresentar "o pensamento, a filosofia ou o processo discursivo baseado numa ficção cujo valor representa a antítese da utopia ou promove a vivência em uma utopia negativa". (WIKIPEDIA).
   Ainda narrado preternaturalmente em terceira pessoa, o volume dois de Brilhantes possui também uma trama rica, elaborada e muito difusa — o que nesse contexto não poderia ter sido melhor, visto que não temos uma visão apenas de Nick, personagem principal, mas de todo os demais que são significantes para o bom andamento da história. Apesar de ser imensamente fã de narrativas em primeira pessoa, não posso deixar de enaltecer o quanto a narrativa de Um Mundo Melhor, em terceira pessoa, conseguiu ser extraordinariamente dinâmica. Torno a repetir, visto que é uma das maiores verdades do mundo literário: Sakey tem uma escrita maravilhosa e o que Michael Connely, autor de romances policiais, falou é inteiramente verdade: Marcus Sakey é um dos melhores narradores de todos os tempos. Ele segue de forma sutil, mas detalhada; formal, mas dinâmica; e dessa forma nos leva por caminhos sem volta — mas você não se importa... tudo que você quer é prosseguir, cada vez mais.

 
Uma piscada durava um segundo, um passo, cinco. Era um dom estranho e terrível, que...
Espere. Para a maioria dos anormais, o dom é apenas parte deles. Mas o de Soren é diferente. De uma forma bem real, ele é o próprio dom. Sua percepção de mundo é inteiramente forjada pelo dom. Soren depende dele completamente e confiará no que o dom lhe disser.... talvez pudesse ser usado contra ele. Cooper se arrastou pelo chão, ignorando a dor. Era inacreditável o risco. Não se tratava apenas da vida dele em jogo, mas da de Ethan, da esperança que o cientista oferecia ao futuro.

   Assim como Brilhantes, Um Mundo Melhor surpreende a cada página e mesmo você já sabendo o ideal da história e as artimanhas usadas pelo autor, ela consegue te enganar de uma forma única, misturando suspense e aventura de uma forma que eu nunca havia visto antes. O principal fato que me fez ficar imensamente feliz em ler essa continuação foi o fato dela seguir com afinco as mesmas qualidades do primeiro livro, com a exceção de que alguns pontos negativos foram corrigidos, o que torna tudo ainda mais interessante e original. É uma história rica em críticas, muitas delas indiretas, mas gritantes, onde o autor usa de fatos que podem, sim, acontecer na nossa realidade. Outro fato que me chamou atenção no primeiro livro, e que é o mesmo que me fez sorrir pelo volume dois, foi a questão da trama ser simples e ainda assim ser tão empolgante e envolvente, feito com personagens muito bem elaborados e idealizados na narrativa.
   Nick Cooper agora trabalha para o presidente dos EUA, mas antes era o melhor agente do DAR, o que era a organização mais poderosa do país. Com personalidade forte, com um dom incrível, ele tinha enormes recursos à disposição: podia acessar dados secretos, grampear linhas telefônicas, comandar agencias policiais e federais igualmente entre outras variedades de coisas. Contudo, Cooper também é pai de duas crianças e recém de Natalie, então tinha seus deveres para com a família, e era isso que ele mais priorizava. Tudo que fizera, tudo que faz e ainda fará, ele faria em nome do bem da sua família. As atitudes de Nick, devido ao dom, são agradáveis e inteligentes, então é um personagem que em momento algum criamos aversão — muito pelo contrário, ficamos afeiçoados pelo personagem de uma maneira única; e é difícil aceitar que ele não é real.
   Além de Cooper, a trama trabalha com outras variedades de personagens, como: John Smith, o terrorista/ativista mais perigoso do mundo, que apesar de ser sociopata — até onde sabemos —, é um mestre enxadrista, o equivalente estratégico de Einstein; Shannon, brilhante do primeiro escalão, principal agente de Smith e, agora, namorada de Cooper e Ethan, cientista que fez uma descoberta incrível e que acabou por comprometer a paz coletiva de todos — ele é um personagem muito importante na trama, e adorei os capítulos onde o narrador debruçava-se sobre sua vida. No todo, os personagens ainda são muito bem construídos, com um desenvolvimento fluido e um aspecto bem próximo do real. Como estamos nos tratando de policiais, terroristas, agentes, e pessoas com dons, encontramos nos personagens personalidades fortes, vibrantes, revolucionárias, com uma visão de mundo ampla e inteiramente inspiradora.


   Tanto Brilhantes quanto Um Mundo Melhor são livros muito completos — dificilmente você irá encontrar algo que desagrade significantemente. No primeiro livro, eu havia ressaltado que em algumas partes, senti a necessidade de retornar na narrativa para entender quem estava falando, o tal do dilema dos diálogos confusos. Contudo, o que mais me surpreendeu é que isso não está presente em Um Mundo Melhor, onde há, inclusive, uma presença menor de diálogos — mas, ainda assim, a trama é veloz. 
   A edição ficou divinamente bela e muito bem feita. A capa... sem comentários! Representa muito bem a história e chega a reforçar suavemente o gênero. A diagramação em si, também ficou muito boa, com um design interno muito caprichado, sem contar os interlúdios que temos entre os capítulos como: trechos de editoriais, frases, panfletos sobre os brilhantes e etc. O papel usado foi o off-white, quase amarelinho e o livro tem uma fonte muito agradável. Todas as parabenizações a Galera Record, ficou divina a edição brasileira de Brilhantes e Um Mundo Melhor, melhor que a original.
   Por fim, é mais um que entra para a listas das melhores leituras. Um Mundo Melhor me surpreendeu de uma forma que eu não esperava e eu adorei passar minhas tardes e noites acompanhando Cooper e sua luta por um mundo melhor. Acredito que os fãs de distopias, assim como eu, não vão só adorá-lo como morrer de ansiedade pelo desfecho. A narração é genial e o desenvolvimento é ainda melhor. Prepare-se para rever seus conceitos e observar o mundo de outro ângulo. Com muita ação, aventura, terrorismo, conspiração, reviravoltas, inverdades, esse livro consegue ser mais que bom, consegue ser brilhante, nos dois sentidos da palavra. Altamente viciante e recomendado!

Primeiro Parágrafo: "O líquido frio em seu rosto fez Kevin Temple recuperar os sentidos."
Melhor Quote: "A liberdade é algo pelo qual você precisa lutar para conquistar, não uma vez, mas todo dia. A natureza da liberdade é ser fluida; como a água em um balde furado, a tendência é se esvaziar. Deixados de lado, os buracos por onde a liberdade escapa se alargam. Quando políticos restringem nosso direitos para 'nos proteger', a liberdade é perdida. (...) Pior de tudo, quando o medo se torna parte de nossas vidas, nós abrimos mão da liberdade de boa vontade por uma promessa de segurança, como se a liberdade não fosse o próprio fundamento da segurança."

 


Um Comentário

  1. Já tinha ouvido falar sobre. Tenho muita vontade de ler, agora, depois de ler essa resenha, minha vontande aumentou ainda mais.
    Parabéns! :)

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