Neste dia 08 de março, a Editora Intrínseca convidou seus blogs parceiros para falarem sobre o Dia Internacional da Mulher, uma data extremamente importante e que merece toda a atenção possível. Além de buscar fomentar uma reflexão de que o Dia Internacional da Mulher não é apenas no dia 08 de março, mas, sim, todos os dias, traremos também algumas observações sobre Gillian Flynn — autora do gênero suspense —, criando uma alusão geral entre as mulheres que lutaram e continuam lutando por seus direitos e as sagazes heroínas que ganham vida em livros como Garota Exemplar e O Adulto.

CONHECENDO GILLIAN FLYNN.
Gillian Flynn é jornalista e, antes de se dedicar integralmente à carreia de escritora, trabalhou por dez anos como crítica de cinema e TV para a Entertainment Weekly. Nascida nos Estados Unidos, formou-se pela Universidade do Kansas, escreveu durante dois anos para um revista de negócios na Califórnia e cursou o mestrado na Northwestern University, em Chicago. Gillian Flynn também é autora dos premiados Objetos Cortantes, Lugares Escuros e Garota Exemplar, que soma mais de 10 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo e deu origem ao filme de mesmo nome dirigido por David Ficher e estrelado por Ben Affleck e Rosamund Pike. Seus livros foram publicados em vinte e oito países. Atualmente Gillian mora em Chicago com o marido e o filho. 

FLYNN E O PODER DA MULHER NA FICÇÃO.
"Em todo caso, ou eu estava ferrada ou não estava ferrada, portanto escolhi acreditar que não estava. Eu tinha convencido muita gente de muitas coisas ao longo da vida, mas esse seria meu maior feito: convencer a mim mesma de que o que estava fazendo era razoável. Não decente, mas razoável."
   
   Como perceberam, Gillian Flynn não é qualquer uma. Num universo editorial onde o gênero masculino é mais recorrente — J. K. Rowling abreviou o nome para que as editoras não soubessem de cara a que gênero sexual ela pertencia — e a mulher é, em muitos casos, marginalizada, a americana — com mais de 10 milhões de exemplares vendidos e duas adaptações cinematográficas de sucesso — não deixou que a estreiteza do mundo das mulheres a afetasse e rasgou o papel de parede que a prendia (O Papel de Parede Amarelo).
   Em Garota Exemplar, ela nos apresenta Amy, a garota perfeita, linda, rica e amada por todos que a conhecem. Ela é casada com Nick Dunne e o casamento dos dois é aparentemente perfeito. Mas, nem tudo é o que parece. O que a grande maioria não sabe é que Amy também é uma mulher que sofre por causa do marido adúltero. Mas a mensagem que Gillian deixa, apesar de redundante, é bastante clara: a mulher pode e vai sempre fazer o que tiver que ser feito para manter a si mesma e as suas relações. Como a autora deixa claro, as pessoas querem acreditar que conhecem as outras. Pais querem acreditar que conhecem seus filhos. Esposas querem acreditar que conhecem os maridos, mas sabemos que não é esta a verdade. Muito ainda tem de ser feito em favor das mulheres, e muitas esposas ainda precisam ser respeitadas. 
   Já em Lugares Escuros, conhecemos Libby, que testemunhou o brutal assassinato da mãe e das duas irmãs e depois passou a viver sem rumo, com uma vida paralisada no tempo, sem amigos, família ou trabalho, mas depois mostra o quanto a mulher também é forte, como consegue superar e ir em busca de respostas, mesmo que por conta própria. E Lugares Escuros não só mostra como a mulher tem uma força interior que, em muitos casos, é desconhecida por elas, mas também evidencia as mentiras que uma criança pode contar a si mesma para superar um trauma.

I. "Eu supunha que tudo de ruim no mundo podia acontecer, porque tudo de ruim no mundo já havia acontecido."
II. "Nada a fazer a não ser fazer."

   Talvez a obra de Flynn que mais reforce a capacidade forte e decidida que as mulheres têm seja O Adulto, conto que nos leva a conhecer uma protagonista sem nome, mas com uma série de profissões ao logo de sua vida. Como a honestidade não é seu foco, ela trabalha num lugar bastante peculiar, uma mistura de centro espírita com um local onde os homens vão para serem masturbados — realidade de muitas mulheres que são levadas a crer que devem ganhar dinheiro com o corpo. O conto tem mais um quê de lição de moral, se é que me entendem, e pela primeira vez Flynn parece construir uma protagonista que acaba não sendo a grande estrela da história, mas deixa em evidência a seguinte moral: embora seja sempre bom ter ambições profissionais, às vezes o plano de carreira pode nos conduzir a um território muito perigoso.

Por fim, o Palácio de Livros deseja a todas as mulheres um Feliz Dia da Mulher. Vocês são incríveis, espetaculares e verdadeiras rainhas! Lutem todos os dias e jamais acreditem que o pouco que fazem é o máximo possível, certo? Gillian Flynn é um exemplo de mulher vitoriosa que escreve sobre mulheres que também acabam sendo vitoriosas ao término de seus relatos, um outro exemplo não citado pode ser visto em Objetos Cortantes, thriller onde a autora tratou de problemas familiares, criticou a sociedade tradicional patriarcal  — demasiadamente machista — e desenvolveu sua ideia em cima da automutilação.


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